segunda-feira, 29 de junho de 2020

Em um trapiche sem barco

E hoje eu te vi. Mais de longe do que gostaria, mais imóvel do que você é, mas foi justamente isso que me fez poder te ver. E muita coisa se inundou em mim.

Inundou uma vontade de te puxar pela cintura, sentir teu cheiro no pescoço e seu calor no meu. Inundou a tua voz na minha lembrança, mesmo no sorriso mudo, e teu olhar no sonho meu. Inundou viagens não vividas, mãos dadas repartidas e toques anestesiados na vontade. Inundou saudade.

E tudo que se havia de viver, vontades reais agora tão irreais, viraram apenas possibilidades que não sairão do talvez. De repente, toda a simplicidade se fez complexa, toda a distância se fez viagem, todo sentimento se fez dor. 

E na memória, ah na memória, lembranças que se misturam a um sonho real que aconteceu e que não deveria. Momentos únicos bem guardados, beijos bem encaixados e abraçados por demais grudados. Se tão rápido, por que tão intenso?

E hoje eu me afoguei de saudade.

À MCVA.


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