domingo, 13 de agosto de 2006

Joaquim

Joaquim mora em uma pacata cidade no interior do mundo. Tudo bem, não tão pacata assim. Em todo o ano passado a polícia registrou 13 assassinatos, 28 assaltos e 15 mortes por motivos desconhecidos. Entidades da cidade dizem que esse número vai aumentar, mas Joaquim não quer nem saber disso. Possivelmente, nem sabe dessas estatísticas sobre sua cidade.

A casa de Joaquim é meio estranha. Parece que não é limpa há meses. Tem dois quartos, um dele e outro que era pra ser de hóspedes, mas funciona com uma espécie de depósito. Na cozinha não há quase nada. Uma geladeira velha praticamente vazia, uma pia quebrada na ponta com uma torneira pingando, uma mesa no centro com alguns sacos de supermercados rasgados, caixas de pizza e algumas latas já enferrujando. Na sala há um sofá velho com uns buracos que as duas almofadas se esforçam para esconde-los. Na mesinha de centro, mais papel de bombom, caixas de cereais e de leite. No entanto, há uma televisão nova que foi ganha num bingo durante um festejo da igreja há muito tempo, mas que quase nunca foi usada.

Joaquim não fica muito tempo em casa. Passa a maior parte do dia sentado no quintal em frente sua casa. Como o muro é baixo, ele pode ver as pessoas passando e elas o vêem sentado em uma cadeira, com barba grande, roupas rasgadas, pele oleosa, chinelo em um pé somente e uma latinha de cerveja na mão. No quintal não há flores, ou rosas, ou mesmo grama. No lugar delas há latas e garrafas de cerveja e cachaça.

As pessoas vão e vem, mas nenhuma fala com ele. Ninguém estende a mão, grita seu nome ou mesmo dá um "oi". Ninguém o conhece. Ele não conhece ninguém. Não tem amigos, colegas ou família. Vive sozinho.

Ao chegar da, esperada, noite, espera não haver mais ninguém na rua. Vai para o quarto, deita-se na cama - única parte limpa da casa - , puxa o único retrato da casa, que está em baixo do travesseiro vizinho ao seu, olha profundamente para a mulher da foto e diz:

- Espero encontrar-te, para a vida eterna, hoje.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Sinto Falta de Sentir Você

De repente fecho os olhos.
Sinto falta de você. Sinto falta do seu abraço. Do seu carinho. Do ventos dos seus cabelos. E do tato da sua pele.
Sinto falta do seu sorriso. Sinto falta do seu olhar. Do seu jeito de tocar. Do seu andar. E de tudo em ti que nunca reparei.
Olhar que nunca tive. Tato que nunca senti. Sorriso que nunca ouvi. Sinto falta do que nunca tive. Como pode?
Penso em abrir meus olhos para enxugar as lágrimas. Mas já estavam abertos.
Estava te vendo e não sabia. Estives-te sempre no meu coração, mas só agora a vejo.
Sinto falta da lágrima que não caiu. Mas fico feliz ao, finalmente, desaborchar da rosa.
Encontrei-te.

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Passei um tempinho sem postar aqui, né?! Pois é, faltou-me tempo, mas estou eu a escrever textos, um dia passo pro computador e coloco aqui.