Com a mão fechada ele corta ferozmente o transito. Passa por carros, ônibus e caminhões como se fossem animais raivosos correndo atrás dele para devorá-lo. Passa por crateras, cai, mas não espera começar a sangrar, continua seu caminho. Galhos e multidão não são empecilhos suficientes para pará-lo.
A cada passo sua ansiedade aumenta, seu coração palpita mais forte, suas pupilas se dilatam, sua mão sua, mas ele não a abre. Não pode!
Seus pensamentos esvaíram-se, deixando-o apenas com um, o mais importante. Suas pernas correm. Suas narinas já podem sentir o doce perfume que parece dançar pelo ar. E suas pernas correm mais.
Não é dia, nem é noite. Não está chovendo, nem corre um ar fresco. Não é um dia especial, nem um dia qualquer. Não é difícil, nem é fácil. É quente. É real. É verdadeiro e chega a ser palpável. É presente.
Então, enfim, ele chega ao seu destino. Suado. Molhado. Ofegante. Sujo. E ela está lá, com sua beleza incansável, com seu leve vestido, com seu sorriso calado, com seu olhar embaraçante, com sua pele macia desejando um carinho, com sua cintura esperando ser tocada. Ele a olha e pensa, só pra si, que ela é tudo o desejado por ele, que valeu a pena a caminhada, que faria tudo de novo quantas vezes fosse preciso, que o que queima é querido e que não cabe dentro dele. Então ele se abaixa, olha nos olhos dela, sente seu calor, sente seu cheiro, sente sua pele sem precisar tocar e, em um ato sutil, levanta sua mão em direção a ela e a abre calmamente.
À Mariana R. Veras.
1 mês e 12 dias sentindo falta.
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