terça-feira, 8 de maio de 2007

Nós Inesquecíveis I

Não sabe seu nome, nem idade, nem onde mora. Mas ela mexe com ele de uma maneira nada normal.

Só teve a oportunidade, a ilustre oportunidade, de vê-la apenas duas vezes na sua vida. As duas, por acaso.

Na primeira, sua barriga sentiu um frio incomum. Olhou pra ela e quando percebeu que ela ia olhar para ele desviou seu olhar e o frio aumentou. Não sabia o que pensar. Achou tudo muito estranho e tentou tirar tudo aquilo da sua cabeça. Não conseguia. Passou a esperar ansiosamente por uma nova oportunidade de olhar pra trás e vê-la. A oportunidade chegou.
Olhou para trás e, sem que ela o visse olhando pra ela, a contemplava. Linda. Disse que da próxima vez ele ia encará-la para que ela percebesse que ele estava olhando pra ela. Mas não deu. Contemplou por uns 2 ou 3 segundos e virou o rosto. "Como pode isso acontecer? Que coisa mais estranha" ele pensava sem entender nada.

Mas estava decidido, na próxima oportunidade ele iria encará-la. Não sabia o que poderia acontecer, mas queria ter a chance de olhar nos olhos dela. Sua pele parece tão macia, seus olhos calmos, mas atentos. Sua boca bem desenhada e da cor de um vermelho nem tão vermelho e de um rosa não tão rosa. Cor única. Bochechas bem desenhadas e de uma simetria sem-igual. Um nariz redondo, bem feito, como se tivesse sido modelado quando criança. Um queixo não tão redondo, mas com um leve apontamento. Sobrancelhas bem feitas, mas com um desenho normal. Enchida mais do lado perto do nariz e com um e ia afinando suavemente até não restar mais nada. Sua direita estava meio bagunçada. Devia ser por causa do seu olho que estava meio irritado e, por isso, avermelhado. Seus olhos, enfim, ele pode ver seus olhos. Seus lindos olhos com de castanha com mel em cima. Nunca vira nada igual e nem queria depois dela. Um fundo claro, sua pele branca macia combinando perfeitamente. Um conjunto moldado, arrumado, planejado e pensando. Sua pele não era um branco pálido, nem um amarelo doente. Era um branco suave, idealizado, e nunca imaginado. Nem mesmo parecia real.

Enfim, uma nova oportunidade de ele poder encarar ela surge. Ele vira para trás e lá está ela no mesmo lugar, sentada do mesmo jeito, mas agora ele iria prestar atenção nos seus olhos e tentar ver o que tinha por trás deles. Virou. 1, 2, 3, 4, 5. Cinco segundos. Ela virou. Tinha mais gente ao nosso redor, ia ficar algo estranho e constrangedor para nós dois caso alguém percebesse algo. Cinco segundos. Ele conseguiu olhar pra ela por cinco segundos tirar os olhos dela. Sua barriga, novamente, gelou um frio mais intenso que o de antes. Nunca sentira isso. Chegou a ter um certo mal estar, mas foi bom. O que ela estava pensando quando ele a olhava? Será que ela imaginava tudo aquilo. Será que ela imaginava que ele iria ter coragem e força suficiente para encará-la? E depois, o que será que ela pensou depois?

Vestia uma calça jeans meia clara com pequenos detalhes nas costuras da perna do lado de fora. Uma sandália branca. Uma blusinha com cores claras variadas e com um casaquinho simples por cima dos ombros. Seus cabelos estavam soltos, meio loiros, meio ruivos, meio negros. Mais loiros que ruivos, mas parecia natural.

Pronto. Isso foi o suficiente para que ela não saísse mais de sua mente.
Na segunda vez, não houve tanta coisa e nem, ao menos, deu para ele ter a certeza de que era ela mesmo. Mas era!

Ele ia numa direção, havia muita gente em torno de todos. De repente, ele pára e se encosta em uma coluna redonda, como se tivesse esperando algo. Mas cansa. Então, resolve caminhar um pouco e depois voltar para a coluna. Ao se desencostar da coluna e virar para seu lado direito, vê um grupo de amigos com 5 pessoas e ela estava no meio de frente pra ele. Ela poderia estar de lado ou mesmo de costas, mas ela estava de frente. Ao olhar pra frente viu que ela estava de olho na sua direção. Era como se ela soubesse que ele estava ali, que ele iria se virar, que eles iriam se ver, que a barriga dele iria gelar, que isso iria deixar ele nervoso e sem saber qual atitude tomar. Sentiu um frio instantâneo em suas entranhas e suas pernas batiam uma nas outras. Rapidamente ele volta para seu local de origem e fica nervoso e sem saber que atitude tomar. Como ela pode ter adivinhado isso? Mas dessa vez, ele não espera uma oportunidade e vai lá. Cria coragem e vai. Vira para a direita e ver que o grupo permanece lá, mas só 4. Sem ela. Procura ao redor, tenta subir em alguma coisa para tentar vê-la. Pula. Corre de um lado para outro, mas não a encontra.

Sem ela. E assim sua vida segue.

Não importa se ele nunca ouviu sua voz. Não importa se ele está sem ela. Ela não o conhece ou mesmo se nem o nome dela ele sabe. Ele pensa nela. Não importa se ela não sabe disso. Só importa que ela existe. E, para ele, isso já é algo maravilhoso.

5 comentários:

Anônimo disse...

Li alguns textos teus e gostei imenso daqui.

Agradeço-te o carinho da sua visita na minha página.

Voltarei!

Beijinhossss

Fernando Palma disse...

Olá, muito boa Tarde!

Batista,
seus textos são bastantes interessantes, notei varias passagens agradáveis, leitura muito boa.

Este ultimo post então traz a lambrança de amores adolescentes, paixões a primeira a vista, timidez. Ou seja, lembranças sensacionais.

Uma pasagem não ficou clara para mim "Tinha mais gente ao nosso redor, ia ficar algo estranho e constrangedor para nós dois caso alguém percebesse algo"

Poruqe usou primeira pessoa? Foi uma forma proposital de se colocar no personagem , ou foi uma descrição do que ele pensava?

Pra complentar os comentários: fechou o texto com chave de ouro!

Quando tiver um tempo veja uma serie antiga minha "amor proibido". talvez se identifique...

Obrigado pela sua visita lá no meu espaço, estou tentando desenferrujar aos pouco :)

Abraços!

Danilo de Castro disse...

kkkkkk, tô tentando desenferrujar também.
Batista, obrigado pela visita ao blog, passei aqui por curiosidade e resolvi ler, o interessante é que pensei em ler parte e acabei lendo todo. Muito bom.

Abraços.

Anônimo disse...

João Batista,

Gostei muito desse texto =)
adoro essa idéia de amor inatingivel e mulher idealizada!
hehe...^^
acho que era para eu ter nascido na idade média!huahaua...

pois bjos ;***

Unknown disse...

adorei joão!!

sou sua fã xD
já sabia né?


:*